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Instagram é mais Black Mirror do que você imagina


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Há não muito tempo, assistíamos a Black Mirror como se fosse uma ficção distante. As histórias pareciam exageradas, quase absurdas. Mas, aos poucos, a realidade foi se aproximando da ficção.


A era digital nos engoliu, e nem percebemos o quanto estamos imersos em águas turbulentas, sem saber ao certo para onde estamos sendo levados.


As redes sociais estão em constante transformação. Há momentos de calmaria, outros de tempestade. O que antes nos parecia absurdo, hoje faz parte da nossa rotina. Consumimos conteúdos que, tempos atrás, jamais imaginaríamos.


Desejamos excessos que não precisamos, influenciados por narrativas cuidadosamente construídas.


O marketing, em sua essência, deveria potencializar aquilo que temos de melhor, os benefícios reais que uma marca pode oferecer. O Instagram, inicialmente, surgiu como uma plataforma para compartilhar momentos, ideias, conectar pessoas. Com o tempo, tornou-se um palco de performances, onde a estética e o lifestyle são vendidos como produtos.


No episódio "Nosedive" de Black Mirror, somos apresentados a uma sociedade onde cada interação social é avaliada, e essas avaliações determinam o status social de uma pessoa. A protagonista, obcecada por melhorar sua pontuação, vive uma vida superficial, buscando aprovação constante. Essa busca incessante por validação é um reflexo do que vivemos hoje nas redes sociais, onde likes e seguidores se tornaram métricas de valor pessoal.


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Outro exemplo é o episódio "Smithereens", que retrata um homem obcecado por uma rede social, a ponto de cometer atos extremos. A trama expõe como as plataformas digitais podem influenciar comportamentos e decisões, muitas vezes com consequências trágicas.


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Vivemos em uma era onde vemos para entreter, para desejar, para consumir. Assistimos a tragédias, guerras, vidas perfeitas, rotinas inalcançáveis. E, muitas vezes, nos sentimos compelidos a replicar essas realidades, mesmo que não correspondam à nossa verdade.


No marketing, fala-se muito sobre ativar dores e oferecer soluções. Mas até que ponto essa abordagem é ética? Quando a dor é explorada para vender, corremos o risco de perpetuar inseguranças e alimentar um ciclo de insatisfação constante.


É essencial refletir sobre o papel que desempenhamos nesse cenário. Estamos criando conteúdos que realmente agregam valor? Ou apenas alimentando uma máquina que exige performance contínua, muitas vezes à custa da nossa saúde mental?


Talvez seja hora de desacelerar, de buscar autenticidade, de valorizar o processo em vez do resultado imediato. Afinal, como Sêneca nos lembra, "não é que temos pouco tempo, mas que perdemos muito". Que possamos usar o tempo a nosso favor, construindo narrativas que realmente importam.

 
 
 

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